Ah, eu louvo a madrugada!
Que vem fria e vem serena,
Quase sem querer chegar.
Que se arrasta, preguiçosa,
Fazendo que não se importa
De te encontrar.
Que vem de mansinho, enganosa,
Acelerando o tempo
De quem quer conversar.
Vem, com seus ares distantes,
Úmida do orvalho
De uma manhã-que-virá
Vem em silêncio, inspiradora:
É a insônia dos poetas,
Persuadidos a rimar.
Vem, tomada por romântica,
Regada a sonhos,
Banhada em luar.
E vem assim, misteriosa,
Carregando segredos.
E sempre a incitar
As paixões, os beijos amantes
E os ardentes desejos
Com que ousamos sonhar.