domingo, 4 de maio de 2014

Epifania Diária (04/05/14)

Dissera-me que, sujeito simples que era, não era lá muito determinado. Mais dado à subordinação, precisava de orientações substanciais aqui e ali; e, no entanto, orava subjetivamente.

Frequentemente sonhava com o abstrato. Constantemente precisava do concreto. O que tínhamos em comum? Ora, emanávamos ambos um quê de propriedade. Eu mais do que ele.

Em suas emoções mais primitivas, derivava de um composto perigoso feito de me-ame-mais-do-que-a-outro. Simplificando, se eu era dele, que fosse dele apenas. De todo modo, se tivesse que lhe dar um adjetivo: restritivo.

Eu era mais aberta, articulada; explicativa até. Inclusive, cheguei a lhe dizer que, essencialmente, quanto mais ele tentava me clamar como dele, quase um objeto, menos eu me sentia inclinada a sê-lo.

De forma indireta, porém certeira, me dirigiu para o “outro” que ele tanto temia. Um sujeito composto por mais do que pronomes possessivos.

Se indignou com o resultado de suas tentativas infelizes de me domar. E haveria de resignar-se também. Se me queria tanto ao seu lado, que tivesse me amado mais do que a terceira pessoa do singular, que, singularmente, me abriu em leque a toda uma pluralidade.