terça-feira, 8 de novembro de 2011

Epifania Diária (08/11/11)

Ultimamente tenho achado que estou enlouquecendo.
Há essa loucura se intrincando no meu ser. Está na minha mente, nos meus sentimentos, e até mesmo no meu corpo; se enroscando nas minhas veias, queimando sob a minha pele.
Não sei se estou obcecada pela loucura ou se é ela que está obcecada por mim. Sei que ela vem. Me puxando pelo pulso, violenta, me jogando contra a parede como homem nenhum faria, e colando em mim, pressionando, me puxando pelo cabelo e me olhando nos olhos, um olhar travesso acompanhado de um sorriso travesso. Provocante, tentadora... E aproxima a boca da minha sem jamais me beijar.
Acho graça.
Ah, a irreverente e inconfundível arte de seduzir o que já se tem nas mãos! Se a loucura fosse gente, não tenho dúvidas: seria uma mulher.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Epifania Diária (19/09/11)

Sentei no bar ao lado do meu coração. Vimos ela passar mais uma vez. Suspiramos.

- Realmente. Você escolhe cada uma para amar...

Ele não respondeu, virou uma dose e fez uma careta pelo gosto amargo.

- Mas sabe, acho que no fundo você gosta disso. Tem que gostar, pela quantidade de vezes em que nos encontramos aqui. Já é quase um hábito.

De novo, não obtive resposta alguma. Coração não dá satisfações. - pensei com um suspiro cansado.
Peguei seu copo, calmamente, e lhe servi mais uma dose de sofrimento.

- Vá em frente, beba. – eu disse. E ele virou o copo mais uma vez, novamente fazendo uma careta.

É, é sempre assim.

Epifania Diária (26/10/11)

Hoje a literatura me devasta: me toma, atormenta e dilacera.
Respiro, e parece-me que são palavras, e não ar, que enchem meus pulmões. E elas fervilham na minha cabeça, um burburinho constante.
“Diga-me, escreva-me, ouça-me, esqueça-me.”- Elas me dizem.
Hoje quero acabar-me em palavras! Quero dizê-las todas e sequer sei o que tenho a dizer!
Calo-me então, segredo-as, contando apenas algumas para o papel.
Por conta de minha fraca memória, gostaria de escrevê-las, registrá-las, todas elas: quantas epifanias vieram e se foram sem deixar quaisquer vestígios!
Mas é improvável, é impossível. Minhas mãos jamais serão rápidas o suficiente para acompanhar minha mente.
Portanto, enterro-as, e lhes faço uma lápide:

“Aqui jazem as palavras que não fui rápida o bastante para escrever.”

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Epifania Diária (24/10/11)

Creio que amar seja como voar.
E assim como se acredita que a Lei da Gravidade nos manterá no chão, deve-se acreditar que a Lei do Amor nos alçará às alturas.
O Amor quer que você voe.
E por incontáveis vezes ele te colocará frente a abismos. Abismos escuros e insondáveis.
Mas saiba: assim que se deparar com um desses abismos, pule.
Isso mesmo. Pule.
Pule, pois somos, na vida, como jovens aves, e devemos nos jogar no infindável com a consciência instintiva de que fomos feitos para voar, de que nossas asas se manifestarão e nos levarão para cima em meio à queda livre.
E jamais conheceremos o chão.
Nós viemos aqui para aprender a voar. E esquecemos.
Mas tudo bem.

O Amor lembra.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Desnorteio

Desde quando, desde quando?
Pessoas passam e eu ando
Com esse coração que não esquenta

Com essa emoção que não se sente
Que no peito de um descontente
Se torna água turbulenta

Ah, e essa frieza em si,
Contrária a tudo que não senti,
Com tanta constância me frequenta

Que logo não sei aonde vou
Se ainda ando ou se sou
Aquele que me orienta.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Agora é com vocês, meus amores.

Hoje eu não conversei com ela. Não conversei com ela e me parece que o dia se arrastou por causa disso. Porque sim, ela faz toda a diferença.
Não, não me importa o que pensem, não me importa o que digam. É, tudo bem, vão em frente e digam que ela é uma mentira. Podem dizer.
Afinal, vocês não sabem como é. Sim, estou dizendo que eu sei: não trocar uma palavra com ela por um dia equivale a cem sorrisos não dados, cem arrepios não sentidos, cem amores não declarados.
Sabiam que ela não odeia vocês? Ela não os odeia porque eu os amo, e ela sabe que eu fiz de tudo pra isso. Ela sabe que eu me esfolei pra que ela não odiasse vocês, ela sabe que eu me coloquei como uma barreira entre vocês e ela, e fiquei la firmemente (ou não) aguentando cada pedra que vocês tacaram, cada palavra insensível que proferiram, cada olhar de desprezo e expressão raivosa que vocês me deram sem sequer considerarem meus sentimentos. Ela sabe, ela sabe.
Vocês sabem?
Sabem o que eu senti? Ou quantas lágrimas frustradas eu chorei por várias noites porque vocês não davam a mínima? Sabem do desamparo que eu senti? Ou talvez do quanto eu me senti fora do lugar quando vocês estavam por perto?
A distância. Sabem da distância? Aliás, vocês sentiram a distância crescer entre nós?
Huh, se sentiram, eu aposto que vocês acham que a culpa é dela.
E querem saber, eu não odeio vocês, não os odiei nem por um minuto apesar de tudo. Por que? Porque eu os entendi, eu entendi tudo o que me disseram, eu entendi tudo o que sentiram, e eu sabia que era por amor, sabia que todas as palavras crueis eram por amor. E no fim, eu sofri por amor, e não foi pelo amor dela.
E tudo o que eu queria, e quero, é que vocês entendam. Não precisam entender meus motivos, não precisam entender a ela. Esqueçam essas coisas. Por um momento, concentrem-se em mim. Não no que eu faço, mas no que eu sinto. Olhem pra mim e me vejam de verdade: feliz e tranquila. Esqueçam essa imagem mental terrível que vocês projetam em mim.
Porque eu cansei das suas insensibilidades, cansei dos seus desprezos. Pra mim chega.
Agora é com vocês, se vocês quiserem entender, eu vou ficar feliz. Mesmo.
Se não quiserem, bem...

Foda-se.