quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Epifania Diária (26/10/11)

Hoje a literatura me devasta: me toma, atormenta e dilacera.
Respiro, e parece-me que são palavras, e não ar, que enchem meus pulmões. E elas fervilham na minha cabeça, um burburinho constante.
“Diga-me, escreva-me, ouça-me, esqueça-me.”- Elas me dizem.
Hoje quero acabar-me em palavras! Quero dizê-las todas e sequer sei o que tenho a dizer!
Calo-me então, segredo-as, contando apenas algumas para o papel.
Por conta de minha fraca memória, gostaria de escrevê-las, registrá-las, todas elas: quantas epifanias vieram e se foram sem deixar quaisquer vestígios!
Mas é improvável, é impossível. Minhas mãos jamais serão rápidas o suficiente para acompanhar minha mente.
Portanto, enterro-as, e lhes faço uma lápide:

“Aqui jazem as palavras que não fui rápida o bastante para escrever.”

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